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O cão é mesmo o melhor amigo do homem

Os passeios higiênicos permitidos por estes dias têm uma dupla vantagem: são benéficos para os animais, mas também para os donos. Em tempo de isolamento social, as famílias encontram estratégias para ter algum contacto com o exterior e, dessa forma, acabam por estreitar a relação com os patudos lá de casa.


Em casa de Cátia Jorge, 42 anos, vive-se há mais de 20 dias aquilo a que empreendedora define como “Quarent… Ema”. Afinal, a cadela Ema é a que mais tem beneficiado do período. “Não dorme o dia todo como é habitual, quando está sozinha em casa, mas faz passeios mais demorados na rua. Saímos com ela de manhã, para um passeio que dura, pelo menos, 30 minutos”, conta. Tem ainda direito a mais uma saída semelhante a meio da tarde, e outra mais rápida antes de a família se deitar. “Costumamos dizer que, nestes dias, é ela que nos tem levado a passear. Olha para nós como que a querer dizer ‘se calhar está na hora de ires lá fora’. E geralmente acerta”, revela Cátia, que assume esses períodos como verdadeiros escapes.

Em dias normais, com as crianças na escola, e antes da correria habitual para o trabalho, as saídas são mais apressadas. “A Ema é muito calminha e pachorrenta. Acho que está a estranhar o facto de passarmos tanto tempo em casa.” Apesar de Cátia, o marido Luís e os filhos Diogo e Guilherme não dispensarem a sua companhia aos fins de semana e durante as férias, e de levarem a cadela para onde quer que vão, a família não tem quaisquer hesitações em afirmar que Ema nunca se sentiu tão acompanhada durante a semana. “Agora estamos em casa o dia todo [Cátia e o marido estão em teletrabalho], o que a deve deixar bastante confusa, mas está tranquila e feliz.”

O que mais tem custado a Miguel Pinto, de 55 anos, neste período de isolamento social é a falta de exercício físico. O professor de natação tem um nível de treino superior à maioria das pessoas e tem aproveitado a companhia do cão, Tariq, para longos passeios. Apesar de não se sentir muito confortável nas saídas à rua neste período, tenta informar-se e seguir as orientações da Direção Geral da Saúde (DGS), mas admite que passear o cão é benéfico para ambos. “Anteriormente, o passeio era menos descontraído e mais rápido. Atualmente, acabo por demorar mais e sinto que o cão está mais calmo porque sabe que não está sozinho em casa. Se antes era eu que o passeava, agora também é ele que me leva a sair.” Miguel já não reage tão bem às “festinhas” que tentam fazer ao Tariq na rua, fruto da inquietação que se vive relativamente à Covid-19.

No regresso de cada passeio com Tariq, Miguel Pinto é rigoroso, seguindo as indicações fornecidas por médicos e veterinários

Quando chega a casa, limpa as patas do cão com uma solução de sabão, troca de roupa, lava bem as mãos, desinfeta o telemóvel, coloca as chaves à entrada e tem uma zona de transição em segurança para casa. “Tenho os devidos cuidados nesta nova rotina que nos pedem para respeitar”, faz notar.

Impacto psicológico

Já todos percebemos os efeitos que a pandemia tem tido nos nossos dias. Se o isolamento social é difícil de suportar, na verdade, a companhia de um animal de estimação pode fazer toda a diferença. “Os passeios têm claros benefícios para os animais e para os seus tutores, mas, nesta fase, devem ser reduzidos e orientados para o seu propósito de eliminação do animal e de exercício moderado dos tutores. Devem evitar-se contatos com outras pessoas e respeitar as normativas emanadas pela DGS, como a distância mínima entre todos”, sugere Ivo Lima da Silva, médico veterinário e diretor clínico da Clínica Veterinária Vilavet.

Se é verdade que todos sofremos com a alteração de rotinas, também os animais podem ressentir-se com a mudança. “É importante manter o espaço dos animais de companhia e permitir a manifestação dos seus comportamentos habituais. Devemos ainda perceber que, nos gatos, por exemplo, o facto de a família estar agora todo o tempo em casa é uma fonte de grande stresse que pode, inclusivamente, potenciar doenças”, alerta o médico veterinário, chamando ainda à atenção para os “animais mais velhos, com patologias particulares, que acabam por ser sobrecarregados pela vontade que os tutores têm de interromper o isolamento”.

“Os animais de estimação oferecem um reconforto emocional, além de promoverem o sentido de segurança aos donos, proporcionando também momentos de entretenimento”
Patrícia Fonseca
Psicóloga

A nível psicológico, no entanto, os donos sabem que os seus cães necessitam de ir à rua, o que permite, na opinião da psicóloga clínica e da saúde Patrícia Fonseca, ter uma desculpa para sair de casa “justificável e isenta de culpa, podendo ser também prazerosa”. Os animais são uma boa ajuda nesta fase ao nível da promoção da saúde mental, sobretudo para quem vive sozinho ou para aquelas pessoas que têm de estar afastadas de amigos e família. O tal “passeio higiênico” permitido pelas orientações governamentais decorrentes do estado de emergência, decretado a 19 de março, transforma-se também numa “forma de socialização restrita, onde as pessoas podem encontrar os vizinhos à janela ou na rua, com a devida distância de segurança, e estabelecer outros contatos sociais”. Além de permitir aos tutores manterem alguma ligação com as chamadas rotinas normais, promove ainda algum contacto com o exterior e alguma partilha social.

Por outro lado, Patrícia Fonseca considera que “os animais de estimação oferecem um reconforto emocional, além de promoverem o sentido de proteção e de segurança aos seus donos, proporcionando também situações lúdicas aos mais novos (e aos adultos) em momentos de entretenimento”. Não menos importante é o apoio que pode ser dado a idosos ou a pessoas em risco. “Já que têm de sair para passear o cão, podem rentabilizar o tempo e ajudar as pessoas que mais precisam, seja a fazer pequenos recados na zona de residência”, a levar bens essenciais que podem ser comprados em mercearias locais ou medicamentos.

Cátia tem a sorte de viver numa zona calma, na Venda do Pinheiro, onde as saídas com a Ema são um belo pretexto para “esticar as pernas, apanhar sol e contar passos na aplicação do telemóvel”. Tudo isso com os devidos cuidados e segurança. Neste novo dia a dia, confessa que é bom sentir a presença da cadela debaixo da mesa em todas as refeições. “Gosto de ouvir a respiração da Ema quando está a dormir e eu a trabalhar. Às vezes, deita-se na cozinha e observa-nos ao longe. Consegue ser o elemento estabilizador da família, mesmo quando estamos todos à beira de um ataque de nervos”, partilha. Os compromissos escolares e profissionais ocupam estes novos dias de rotinas impostas e de tempos exigentes.

Cátia Jorge brinca com o nome da cadela e diz que, lá em casa, estão em quarent...Ema

Cátia tem a sorte de viver numa zona calma, na Venda do Pinheiro, onde as saídas com a Ema são um belo pretexto para “esticar as pernas, apanhar sol e contar passos na aplicação do telemóvel”. Tudo isso com os devidos cuidados e segurança. Neste novo dia a dia, confessa que é bom sentir a presença da cadela debaixo da mesa em todas as refeições. “Gosto de ouvir a respiração da Ema quando está a dormir e eu a trabalhar. Às vezes, deita-se na cozinha e observa-nos ao longe. Consegue ser o elemento estabilizador da família, mesmo quando estamos todos à beira de um ataque de nervos”, partilha. Os compromissos escolares e profissionais ocupam estes novos dias de rotinas impostas e de tempos exigentes.

Cuidados a ter

O veterinário Ivo Lima da Silva deixa alguns conselhos relativamente aos cuidados com cães e gatos durante a pandemia:

-Manter as rotinas dos animais.
-Ter em atenção as necessidades específicas dos gatos.
-Os passeios dos cães devem ser de dez minutos, no máximo, duas a três vezes por dia.
-Durante os passeios, promover a distância social.
-Utilizar toalhinhas antissépticas (com clorohexidin, por exemplo) para limpeza das almofadinhas plantares à chegada a casa.


Fonte: Notícias Magazine - Publicado neste site em 29/04/2020



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