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Luta para salvar

Grupos de protetores independentes para salvamento de animais maltratados ou vítimas de abandono precisam de parceiros para continuar projeto: necessidade

Com a descoberta de um suposto campo de rinha pelo 8º Batalhão da Polícia Militar (BPM), em março deste ano, o Grupo Hammã de Proteção Animal fez pedido formal ao Ministério Público (MP) para ter a guarda dos 57 cães encontrados no local em condições deploráveis. Eles estavam privados de água e comida e em total isolamento. Alguns dos cães estavam padecendo de anemia ou babesiose (doença do carrapato).

 De acordo com a presidente da ONG, Meibel Pereira Veríssimo, apesar da denúncia de maus-tratos e do pedido de tutela feito, em março deste ano, por meio de um Termo Circunstancial de Ocorrência (TCO), a Justiça decidiu deixar os animais sob os cuidados do suposto proprietário do campo de rinha, por entender que o estado de debilidade dos cães e a ausência de outro espaço adequado para abrigá-los inviabilizavam seu traslado. A falta de cuidados sanitários e as precárias condições de confinamento (acorrentados dentro de manilhas de esgoto), a privação de atendimento veterinário, alimentação e água com regularidade, e as queimaduras por insolação não foram suficientes para sensibilizar as autoridades responsáveis pelo destino dos pobres cães na época. “Foi muito difícil fazer a Justiça entender que havia maus-tratos contra os animais”, relatou.

Ainda de acordo com ela, a Justiça, após um longo périplo burocrático, decidiu, enfim, conceder à ONG o direito de fiel depositário dos cães, enquanto o julgamento do processo não for completamente finalizado, o que significa dizer que os cães devem permanecer temporariamente sob sua tutela e não podem ser encaminhados para adoção. Há, todavia, o risco dos cães serem restituídos ao seu suposto proprietário, Camilo Godinho Neto, de 44 anos, uma vez que a contenda pela guarda definitiva dos animais ainda tramita no Juizado Criminal. Apesar de ser acusado por maus-tratos e exploração dos animais, ele se defende utilizando o argumento de que vive da reprodução deles. No local, foram apreendidos dezenas de galos de briga. Os grupos de proteção, por seu turno, pedem, em juízo, autorização para esterilizá-los, contribuindo para o controle populacional dos cães e a diminuição do abandono e de sucessivas denúncias de maus-tratos.

A decisão judicial favorável mobilizou dezenas de voluntários e simpatizantes da causa animal na retirada dos cães, a exemplo das ONGs Miau au au e Protetoras Independentes, na quinta-feira passada, 11. A Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semma), o 8º BPM, o Centro de Controle de Zoonoses de Aparecida de Goiânia e um oficial de Justiça munido do mandado de busca e apreensão participaram da operação de resgate que transportou os cães, em caixotes especiais, da chácara onde foram encontrados, no Setor Continental, em Aparecida de Goiânia, na região metropolitana da Capital, para o Recanto dos Pit Bulls.

Corredor da morte

 Segundo Meibel Pereira Veríssimo, além dos chamados cães “perigosos”, a exemplo do pit bull e do rottweiler, a ONG também recolhe cães sadios idosos ou deficientes entregues por seus próprios donos para que sejam submetidos a eutanásia das “carrocinhas” e “corredores da morte” nos Centros de Controle de Zoonoses do Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental (CCZ/DVSA). Estes animais, depois de passarem por avaliações de agentes de zoonose, veterinários e adestradores, são tratados e habilitados para adoção. Dezenas deles já escaparam da morte e encontraram o aconchego de um lar carinhoso e uma vida saudável.   

Recanto  

Fruto de uma iniciativa de voluntários simpatizantes da causa dos cães utilizados em rinhas, o Recanto dos Pit Bulls foi fundado pela ONG Hammã e é mantido sem ajuda governamental. Criado exclusivamente para acolher a demanda dos 57 cães da raça pura e mestiços, o espaço não quer ser confundido com um abrigo, uma vez que não tem por objetivo recolher outros cães e tratá-los, segundo informou a presidente da ONG. A Hammã, ao contrário, desde sua fundação em 2008, alberga outros 13 cães em sua sede. Eles são castrados, passaram por avaliação veterinária e controle sanitário preventivo. Eles se encontram disponíveis para adoção.

Na sede da ONG, uma chácara com cerca de 5 mil m², na região sudoeste na Capital, (seu endereço não foi divulgado por razões de segurança) há 40 baias individuais para abrigar os cães, sendo necessária a construção de outras 17 (14 em fileira e outras três, em diferentes partes do imóvel). Serão necessários materiais de construção e profissionais da área para erguê-las. De acordo com a presidente da ONG, a construção das baias é indispensável para o correto tratamento dos cães, uma vez que eles têm a particularidade de não poderem freqüentar espaços em comum, dado o condicionamento de “cães de combate” que foram obrigados a assimilar.

A ONG Hammã não tem estrutura física para acomodar com segurança todos os cães encontrados na operação do 8º BPM. E alguns grupos de proteção a animais estão se mobilizando nas redes sociais para pedir ajuda para a fundação Recanto dos Pit Bulls. Dos 57 cães sob a tutela da Hammã, 17 estão sendo mantidos pela ONG em um hotel pet (o grupo de proteção aos animais não quis divulgar nome e endereço alegando também questão de segurança), onde a diária ultrapassa R$ 20,00. Graças à manutenção de simpatizantes da causa, carinhosamente chamados de “padrinhos” e “madrinhas”, a permanência deles está sendo viabilizada, mas não se sabe até quando. Os “padrinhos” têm o compromisso de fazer certa doação mensal para custear as despesas com alimentação, folha de pagamento de funcionários e produtos de manutenção, além de remédios, vacinas e médicos veterinários. A despesa da ONG com o tratamento integral dos cães pode chegar a R$ 10 mil mensais, segundo informou Meibel Veríssimo. 

Interessados em colaborar financeiramente com o Recanto dos PitBulls podem obter informações no facebook.com/recanto.dospitbulls e recantodospitbulls@gmail.com. Ou ainda visitar o brechó da ONG Hammã, o “Varal da Tribo”, localizado na Rua 24, esquina com a Rua 4, no Setor Central, na Capital. Todo o lucro obtido com a venda de seminovos é convertido para custear a manutenção da chácara, o pagamento de funcionários, a compra de medicamentos e alimentos para os cães. Para saber mais sobre as iniciativas da ONG Hammã, vale a pena visitar o site www.projetohamma.com.br.

PIt Bull

Meibel Pereira Veríssimo esclarece que os pit bulls são naturalmente dóceis com seres humanos, e busca retirar o estigma da agressividade e violência atribuídas aos cães da raça. Ela explica que os pit bulls chegaram ao nível de excelência para combates que apresentam, hoje, graças a sucessivos cruzamentos seletivos. Também observou que a inexistência de registro de ataques a juízes, em espetáculos de arena, demonstra que, ao cão, trataram de imputar uma fama injusta. “Na década de 1970, na América e Europa, por exemplo, estava muito na moda utilizar o pit bull para cuidar de crianças. Nos testes de índole e comportamento, realizados nos EUA, o pit bull ocupa o 10º lugar em agressividade. Há raças aparentemente mais dóceis, mas comprovadamente mais agressivas que ele, como o pastor alemão, que é um cão de guarda, o cocker spaniel, o golden retriever, o dálmata e até o rottweiler, que é um cão boiadeiro, mas que pode desenvolver muita agressividade quando adestrado de forma incorreta”, explicou.

Na avaliação da presidente da ONG, a operação de resgate dos cães teve saldo positivo e reforça a ausência de agressividade contra seres humanos inerente aos animais. “O número elevado de pessoas envolvidas na operação, as condições de transporte (um cão por vez), a distância do trajeto entre o cativeiro e o recanto, e as condições físicas deploráveis e o elevado estresse provocado nos cães poderiam ter provocado algum incidente grave de mordedura, mas nada de anormal se passou, mesmo considerando os momentos nos quais tiveram de ser contidos para evitar que atacassem uns aos outros”, salientou.  

A rinha

“O cão de rinha não tem vida social e não tem contato com outros cães. Eles ficam completamente isolados por longos períodos. Durante os treinamentos, dias antes do combate, costumam ser atiçados por outros animais engaiolados, cães da mesma raça ou de raças de menor porte, e até lebres e gatos, para que fiquem bastante estressados e prontos para o dia do espetáculo”, afirmou Meibel Pereira Veríssimo.


Fonte: DM - Publicado neste site em 01/05/2013


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