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Os cães são capazes de sentir alegria? Julgue você mesmo

Antes de mais nada, faça um favor a você mesmo e assista ao vídeo abaixo. Como é possível alguém, após assisti-lo, não ficar convencido de que os cães experimentam emoções complexas como alegria (ainda mais em comparação com o indiferente gato sentado no canto da cama)?


O vídeo está fazendo muito sucesso na rede e mostra a reação surpreendente de um pitbull ao pular na cama dos donos, coisa que ele normalmente está proibido de fazer quando os adultos estão em casa. Um dia, os proprietários do cachorro saíram e deixaram uma câmera “escondida” gravando para verificar como é o comportamento do cão quando eles estão longe.

O cachorro se aproxima da cama cautelosamente, o que indica que o animal compreende que o que ele está prestes a fazer vai contra as regras da casa – ao menos na presença de seus donos. Mas o caminho está livre. O cão resolve então se livrar das amarras da sociedade e pula em cima da cama, exibindo uma alegria de viver que desafia qualquer um a afirmar, assim como o filósofo francês René Descartes uma vez o fez, de que os cães são apenas máquinas.

Segundo o psicólogo Stanley Coren, a nossa compreensão em relação às emoções caninas já se transformou profundamente desde Descartes. “Os cães possuem todas as mesmas estruturas cerebrais que produzem emoções em nós, seres humanos. Os cachorros também têm os mesmos hormônios e sofrem as mesmas alterações químicas pelas quais os seres humanos passam durante os estados emocionais”, conta Coren.

O psicólogo acrescenta que os cães até apresentam o mesmo hormônio oxitocina, que, em humanos, está envolvido com o sentimento de amor e carinho pelos outros. “Com a mesma estrutura neurológica e química que as pessoas têm, parece razoável sugerir que os cães também experimentam emoções semelhantes às nossas”, diz.

Coren também adverte que é importante não nos precipitarmos e imediatamente supormos que as respostas emocionais dos cães e dos seres humanos são exatamente iguais. Há uma forte probabilidade de este cão simplesmente ter reagido a algum tipo de odor de demarcação de território, um comportamento instintivo observado em muitos mamíferos.

Ou seja, quando falamos sobre “alegria canina”, estamos, de alguma forma, atribuindo comportamentos, ou nesse caso sentimentos, humanos aos cachorros? Definitivamente, sim. Os seres humanos gostam de projetar qualidades humanas em animais, e essa tendência remonta longe no passado. Alguns pesquisadores acreditam até que, sem essa prática conhecida como antropomorfismo, jamais teria sido possível nem a domesticação de animais grandes como os cavalos e os bois, sequer o costume de manter animais como cães e gatos em nossa casa.

No entanto, mesmo que as ações do cachorro do vídeo tenham sido motivadas pelo instinto, o animal parece estar se divertindo à beça na cama proibida. Vamos considerar que sim, ele está feliz ao brincar na cama enquanto seus donos estão fora. Essa emoção seria qualificada como complexa? Estritamente falando, não. A felicidade – assim como a raiva, a tristeza e o medo – é definida como uma emoção “básica”. Isso não significa necessariamente, porém, que os cães não são capazes de apresentar uma complexidade emocional.

A Associação Americana de Psicologia considera que emoções básicas, como raiva, surpresa ou medo, tendem a acontecer automaticamente, sem muito processamento cognitivo, enquanto as emoções autoconscientes, que incluem vergonha, culpa e orgulho são mais complexas. Essas, de acordo com a associação, exigem autorreflexão e autoavaliação.

Não parece que o cão fazia uma avaliação profunda sobre si mesmo e sobre suas ações nos momentos em que pulava em cima da cama. O mesmo, entretanto, não se pode dizer de outras situações. Segundo dados da revista dos Estados Unidos de divulgação científica, Scientific American, 74% dos donos de cães acreditam que seus animais são capazes de sentir culpa. Quase 60% deles admitem que esse comportamento de culpa apresentado por seus cachorros faz com que eles peguem mais leve no castigo.

De uma forma geral, diversas pesquisas já tiveram como objetivo descobrir se os cães desenvolvem sentimentos de culpa. E os resultados desses estudos acabaram sendo bastante ambíguos.

As emoções caninas são complicadas? Absolutamente sim. O escritor norte-americano Jeffrey Moussaieff Masson, em seu livro “Dogs Never Lie About Love: Reflections on the Emotional World of Dogs” (“Os Cachorros Nunca Mentem Sobre o Amor: Reflexões Sobre o Mundo Emocional dos Cães”, em tradução livre), discute que podemos aprender mais sobre os cães ao observar como se sentem, do que ao observar suas ações.

Depois de uma vida de relação afetuosa pelos cães e de muitos anos de observação e reflexão, o escritor afirma ter chegado à conclusão de que os cães possuem mais emoções do que ele próprio (Masson comenta não estar preparado para falar em nome de outras pessoas). “Eles têm mais sentimentos, e eles sentem de uma forma mais pura e mais intensa. Em comparação, a paisagem emocional humana parece um lugar sombrio, cheio de subterfúgios, ambivalência e decepção emocional, intencionalmente ou não”, considera.

Masson ainda completa afirmando que, na busca pela compreensão de por que somos tão inibidos em comparação com os cães, talvez possamos aprender a ser tão diretos, honestos, simples e, sobretudo, tão intensos em relação aos nossos sentimentos como os cães são. 


Fonte: Hype Science - Publicado neste site em 01/06/2014






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