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Quando o 'melhor amigo do homem' sente mais ódio que amor por seu dono

Às vezes um cão e seu dono não se entendem, não importa o que a pessoa faça.



Todo o mundo pensa que os cães adoram seus donos, enxergando-os como deuses de algum tipo. Pode ser verdade na maioria dos casos, mas não é sempre assim. Como veterinário que há 30 anos estuda o comportamento animal e o vínculo entre humanos e cães, posso confirmar que às vezes um cão e sua pessoa não se entendem, não importa o que a pessoa faça.

Tome-se o caso de Ruckus, um Wheaton terrier adotado e com uma atitude. Ele praticamente odiou seu novo dono, Rick, e também não gostou muito de Cindy, a mulher de Rick. Embora Rick fosse um sujeito ótimo pelos padrões humanos, Ruckus fazia de sua vida um inferno, mais ou menos como havia feito com seu dono anterior. Tudo começou aos poucos, com Ruckus demonstrando atitude territorial e defendendo seu espaço próprio. Com o tempo, a coisa ficou tão difícil que Rick era obrigado a telefonar quando estava a caminho de casa para pedir a Cindy que confinasse Ruckus, por medo de ser atacado.

Para Ruckus, Rick era persona non grata em sua própria casa. Tudo terminou muito mal um dia quando Ruckus estava amarrado fora de casa enquanto Rick cortava a grama. Ruckus não parava de puxar forte para tentar se soltar, até acabar soltando o poste de madeira em que estava amarrado, atacando Rick com os dentes arregaçados, obviamente decidido a lhe causar ferimentos graves. Seguiu-se uma luta entre os dois. A polícia e o setor de Controle de Animais foram chamados, enquanto Rick tentava segurá-lo e apertar seu pescoço. Você não vai realmente querer saber como essa história acabou. Sinto dizer que acabou mal para Ruckus.

Rick adorava Ruckus, mas era um amor unilateral. Ruckus o odiava realmente e praticava o que eu chamo de agressão unidirecional. Descobri mais tarde que a agressão unidirecional é um fenômeno reconhecido como tal que ocorre entre pessoas e também em outras espécies animais.

Enquanto existem cães como Ruckus, que francamente rejeitam seus donos, há outros que não sentem prazer em viver sob o mesmo teto que estes. Eles apenas toleram certas pessoas porque não têm outra escolha. Depois de adotados, esses cães azarados se descobrem sendo obrigados a suportar donos pouco interessantes ou punitivos. Alguns se retraem e vivem em depressão permanente. Outros simplesmente aceitam esse tratamento insatisfatório como sendo o normal e procuram viver da melhor maneira possível.


O medo pode se converter em agressão no caso de alguns cães.

Em alguns casos, o cachorro pode ter bons motivos para não se entender com seu dono: maus-tratos enfraquecem e até prejudicam gravemente o vínculo entre humano e animal. Por exemplo, um spaniel bretão comprado para ser usado em caçadas vivia sendo treinado por seu dono com a ajuda de uma coleira que lhe dava choques elétricos. Um dia o cão se escondeu do dono debaixo da cama. Quando o homem tentou arrastá-lo para fora, o cachorro o mordeu. Poderíamos dizer que o dono recebeu o que merecia. O comportamento do cão foi uma agressão motivada pelo medo e dirigida contra seu dono.

Curiosamente, essa ligação direta com tratamento cruel por parte do dono provavelmente não explicaria a situação de Ruckus, porque Rick nunca o maltratou. Parece mais provável que Ruckus tenha sido seriamente maltratado por um homem no período crítico de seu desenvolvimento – com certeza em seus primeiros três a quatro meses de vida – e que nunca tenha se esquecido disso (quase como o transtorno de estresse pós-traumático).

Um pastor alemão do qual escrevi em meu livro 'The Dog Who Loved Too Much' (O Cão que Amava Demais) tinha medo de seu dono, mas não era agressivo com ele. Nesse caso, semelhante à situação de Ruckus, o problema não era o que o dono tinha feito ao cão, mas o que outros homens lhe haviam feito anteriormente que o levaram a sentir aversão por todos os homens.

Mas a reação desse pastor alemão não era proativa e agressiva, como a de Ruckus. Ela se manifestava como puro medo, sem agressão – provavelmente devido ao temperamento tímido natural do cão. Quando o homem voltava para casa, o cachorro corria para se esconder e não reaparecia até ele sair de casa. O cão não interagia com ele em absoluto – exceto em uma única circunstância específica.

Quando a esposa de seu dono, que era diabética, sofria hipoglicemia à noite (uma situação de grande perigo), o cachorro corria para o lado da cama em que o homem dormia e puxava os cobertores até o homem acordar e tomar conhecimento do problema. O amor que o cão sentia pela mulher de seu dono lhe fazia superar seu medo e procurar ajuda quando ela era realmente necessária. Ter coragem não significa não sentir medo, mas ter a garra de enfrentar o medo. Segundo esse critério, esse cachorro era mais corajoso que a maioria – se bem que ele teria preferido se seu dono, o homem, nem sequer existisse.


Simplesmente não curto você... e acho que você sabe a razão.

Assim, quando você ouve que o cachorro é 'o melhor amigo do homem' e lhe dedica 'amor incondicional', saiba que isso só é verdade se a pessoa adota um pet compatível com ela e investe tempo e atenção, mostrando ao cachorro que ele é compreendido e apreciado. Caminhadas longas, muita diversão, refeições regulares, comunicação clara, boa liderança e muito afeto devem resultar em um cão que satisfaz aos sonhos de qualquer pessoa.

O caso é totalmente outro quando 'o amor que você recebe é igual ao amor que você dá', para citar os Beatles. Donos cruéis, indiferentes ou que tenham sido induzidos equivocadamente a usar métodos de treinamento punitivos não são recompensados com o vínculo maravilhoso que pode existir entre o cão e seu dono, e seus cães não os apreciam.


Fonte: Huffpost - Publicado neste site em 06/09/2017

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